domingo, 24 de julho de 2011

"Symbolon, um baralho sui generis"

Você já ouviu falar no baralho SYMBOLON? Não, não é um tarô, embora algumas de suas cartas se aproximem alegoricamente dos famosos arcanos. Quando travei contato com esse deck em 1998, pouco o valorizei, não conseguia enxergar outro baralho que não fosse o tarô e, naturalmente resistia me envolver com supostas "imitações". O primeiro contato foi numa lista virtual do grupo Yahoo através de um tarólogo amigo de nome Marcelo Bueno (à época ele usava um outro nome, não era Kirtan, penso que se autodenominava Uther de Pendragon, posso estar enganado). Marcelo postou um texto que vinha acompanhado de uma das cartas (The Fall) que literalmente significa "a queda" como podemos notar mais abaixo. A imagem me intrigou bastante, o suficiente para me fazer pensar durante os 04 anos seguintes sobre a sua simbologia e importância oracular.



Somente em 2005 é que comecei a estudar o baralho e dois anos depois uma amiga de Natal (RN) me presenteou. Fiquei muito entusiasmado com as figuras, a beleza e a riqueza simbólica do deck. Situando-o sobre sua criação, foi publicado pela primeira vez em 1993 pela editora AG Müller, idealizado pelos artistas e pesquisadores Ingrid Zinnel, Peter Orban e Thea Weller; o baralho não foi impresso num papel muito resistente, as 78 lâminas (cartas) são finas, no dorso o acabamento é dourado com a logo do baralho; as cartas são proficuamente ilustradas, compostas por cenários clássicos/renascentistas, cujas figuras são ladeadas por 02 signos zodiacais na parte superior e 02 signos astrológicos na parte inferior aludindo ao tema em questão. Não prestando muita atenção nesses últimos detalhes, o baralho proporciona horas e horas de meditação sobre os personagens e cenários imaginados.


Não é difícil conseguir esse baralho hoje: com o dólar em baixa é possível adquirir pela Livraria Cultura por até R$ 60,00 (mais frete). A caixa é simples, num tom azul, com o título do deck e a imagem de uma das cartas (The Mediator) na representação de Hermes (Mercúrio). As cartas não são numeradas, restando ao pequeno manual uma ordem de consulta de cada imagem que leva às interpretações. Sugiro que esqueça o manual e deixe-se levar pelas sugestivas e atraentes figuras que são um profundo exercício de captação simbólica.

Ao longo do tempo postarei cada uma das 78 cartas e farei comentários, todos podem participar opinando e trocando ideias. A proposta é ampliar nosso conhecimento simbólico aprofundando conceitos e significados. Para saber mais sobre o Symbolon, recomendo acessar os seguintes sites: Aecletic Tarot - Symbolon e Enchanted Oracles - Symbolon.

O flautista (53ª lâmina do Symbolon)


 
Essa imagem sugere o flautista de Hamelin. O Flautista de Hamelin é um conto folclórico, reescrito pela primeira vez pelo Irmãos Grimm e que narra um desastre incomum acontecido na cidade de Hamelin, na Alemanha, em 26 de junho de 1284. Nesse ano, a cidade de Hamelin estava sofrendo com uma infestação de ratos. Um dia, chega à cidade um homem que reivindica ser um "caçador de ratos" dizendo ter a solução para o problema. Prometeram-lhe um bom pagamento em troca dos ratos - uma moeda pela cabeça de cada um. O homem aceitou o acordo, pegou uma flauta e hipnotizou os ratos, afogando-os no Rio Weser.

Apesar de obter sucesso, o povo da cidade abjurou a promessa feita e recusado-se a pagar o "caçador de ratos", afirmando que ele não havia apresentado as cabeças. O homem deixou a cidade, mas retornou várias semanas depois e, enquanto os habitantes estavam na igreja, tocou novamente sua flauta, atraindo desta vez as crianças de Hamelin. Cento e trinta meninos e meninas seguiram-no para fora da cidade, onde foram enfeitiçados e trancados em uma caverna. Na cidade, só ficaram opulentos habitantes e repletos celeiros e bem cheias despensas, protegidas por sólidas muralhas e um imenso manto de silêncio e tristeza.

E foi isso que se sucedeu há muitos, muitos anos, na deserta e vazia cidade de Hamelin, onde, por mais que se procure, nunca se encontra nem um rato, nem uma criança.

 
Sua simbologia sugere o problema com promessas vazias e não cumpridas e a escravidão interior diante da expectativa por esperarmos que um dia o que foi combinado seja cumprido. Diz respeito ao encanto, sedução, às propagandas enganosas e as armadilhas advindas destas. Confusão gerada pela distração (nesse caso, o som hipnótico da flauta) levando à perdição ou desvio do caminho. Como no caso das sereias que seduzem os pescadores e levam-nos para o fundo do mar (abordado no mito de Ulisses), alerta sobre os riscos diversos envolvendo o deslumbramento com pessoas ou situações aparentemente confiáveis ou encantadoras (atraentes), incluem-se aí desde relacionamentos obsessivos até o uso fatal de drogas ou bebidas. Por trás do conto de Hamelin há vingança pelo não cumprimento de um pagamento - nem sempre o simbólico apontará para tal situação, mas diz respeito à perda da consciência provocada por emoções descontroladas, como no caso das paixões arrebatadoras ou desmedidas.

Fonte: Wikipédia.