quarta-feira, 18 de maio de 2011

O simbolismo do anel nupcial



O simbolismo do anel é vastíssimo, bastando dizer que várias culturas o incorporaram em seus mitos, revelando a natureza de seu poder e dimensão de seus efeitos sobre aqueles que o possuíam. Cada anel tem características próprias, definidas pelo material de que é feito, inscrições, pedras neles incrustadas, ritos atribuídos e sagrações. Com certeza, evoca o sentido de eternidade e continuidade das forças universais, manifestando a idéia do círculo de poder e pacto entre os homens e deuses. Mas, o que na verdade representa o anel nupcial ?
Muita gente casada, ou que está noiva, pouco sabe sobre o simbolismo do anel nupcial. Para alguns, presentear a outra parte com o anel nupcial (aliança) é um convite ao selamento matrimonial; para outros, apenas um objeto de pura vaidade e capricho. O fato, é que essa pequena e delicado adereço encerra em si um poderoso elemento de ligação entre a anima e o animus. Antes de mais nada, a sua própria forma circular é uma representação da alma e reporta-se ao Self (Si-Mesmo). Isso quer dizer que quando há a troca de alianças (no noivado ou casamento), inconscientemente está havendo um intercâmbio anímico, como que cada um das partes recebesse a essência da alma da outra. E por que o ouro é o metal preferido na confecção das alianças ? Não só por sua beleza, mas o ouro é um metal nobre que tem correspondência direta com o sol, com a luz e com a consciência. É um metal alquímico e transmite também o significado de sua raridade; tal como um herói mítico, o homem que compra as alianças e a oferta à sua parceira, percorreu todo um caminho iniciático até ali, vencendo provações ou desafios na sua relação (junto à sua parceira), e como prêmio raro, oferece a aliança como tesouro conquistado no fim de sua jornada. Na verdade, a jornada está apenas para recomeçar, pois a fase em que a aliança se encontra na mão direita (ativa, equivalente ao hemisfério esquerdo do cérebro - racionalidade, lógica, análise) cumprirá sua "prova de fogo" para provar seu amor e normalmente terá que se desdobrar junto à sua parceira para formularem o embasamento do lar. Quando a aliança é consagrada no festivo dia matrimonial, ela passa para a mão esquerda (passiva, equivalente ao hemisfério do cérebro - emoção, intuição, sentimento), então a nova jornada do casal será a nova estrutura familiar formada e todas responsabilidades advindas do processo. Logo, todo processo é um ato consciente de fusão anímica (ou pelo menos, deveria ser).Há ainda um mito entre os egípcios no qual acreditavam que havia uma veia que partia do dedo anelar direto para o coração, daí a escolha desse dedo para ocupação do objeto.

Outro aspecto importante que reforça o simbolismo solar da aliança, é o fato do dedo anelar ter correspondência na quirologia com o sol. Logo, todo rito que vai do noivado até o casamento é solar, que expressa luz e invoca a verdade. Não deixarei de citar também o simbolismo sexual por detrás do dedo e da aliança: o dedo como símbolo fálico (lingan) e o anel como símbolo vaginal (yoni) sela também o ato sexual que culmina com a Lua de Mel.

A inscrição do nome de cada parceiro é feita tradicionalmente do lado interno da aliança. Isso simboliza duas coisas: a primeira é que o nome, como mantra sagrado, se mantém protegido na parte de dentro do círculo. Ou seja, o poder daquele nome "fica restrito ao portador da aliança" (isso é uma metáfora); a segunda, que só aquele que porta da aliança sabe exatamente o que está escrito em sua face interior (além do nome de seu (sua) parceiro (a), algumas pessoas também inscrevem datas, palavras de amor, símbolos como o coração, etc) e mantém o conteúdo protegido do olhar de estranhos. Comprova-se aí a importância do círculo como área delimitada, sinalizando um campo de energia e força.

A aliança impõe ao seu usuário a condição de amo e escravo ao mesmo tempo: a troca de alianças passa também a ser o elo de poder entre as partes na relação, mas também o "agrilhoamento simbólico do casal". Na verdade, essa não é uma condição que expressa submissão: a escolha do parceiro ou da parceira tem relação direta com o animus e a anima, logo, você escolhe seu "reflexo interior" e se funde simbolicamente através do anel.

Um importante símbolo é inserido dentro do casamento católico: a criança, normalmente uma menina (dama de honra) leva as alianças ao padre. A criança representa a pureza de intenção e é ela quem conduz as alianças até o ato de sagração final. Em alguns antigos ritos pagãos, a exemplo o celta, utilizava-se a coroa de flores para ser colocada na cabeça da jovem que se casava, e normalmente era uma criança que a carregava no ato cerimonial e entregava ao sacerdote; apesar de símbolos com diferenças de interpretação, a coroa nupcial e o anel mantêm estreita relação, pois ambas são figuras circulares.

No ato das Bodas de Prata (25 anos), é acrescida pelo casal uma fina camada folheada de prata, normalmente representando uma "coroa de louro de prata" como prêmio conquistado após 25 anos de casados, reafirmando os votos matrimoniais. A prata é um metal que corresponde à Lua, logo é acrescida uma coroa lunar ao símbolo então solar. É como a relação entrasse numa fase mais interiorizada, mais yin, mais sublime. O louro sempre foi considerado uma planta ligada aos nobres, logo a folhagem de louro em prata marca um ciclo de magnificência conquistado pelo casal. Também evoca de certo modo, a maturidade atingida na relação. A Lua também tem relação com a família, é nessa altura do campeonato, é bem possível que ela tenha crescido o suficiente para sinalizar o potencial lunar.

As Bodas de Ouro (50 anos), reafirma o compromisso solar feito no dia do casamento (consciência, luz, verdade). O casal recebe um novo par de alianças normalmente levado pelo(s) filho(s) - frutos da união solar e lunar. Isso evoca simbolicamente que o ciclo solar foi completado pelo casal e há um renascimento da relação, só que no nível espiritual. O fato dos filhos levarem as alianças, também implica inconscientemente que os descendentes devam selar o compromisso solar com suas respectivas parceiras.

Quero frisar que a sagração das alianças independe de igreja ou templo que o casal possa estar integrado. O rito de troca de alianças é sempre um momento ímpar, e deveria ser feito primeiramente pelo casal a sós. Atribuo a isso, o que Jung chamava de momentum, ou seja, é um ato único no tempo e espaço criado exclusivamente pelas partes envolvidas na relação.

A aliança tem mais poder e sentido para a mulher do que para o homem, já que o círculo é uma figura geométrica feminina (pois encerra em seu interior um sentido, analogamente ao útero). Logo meninos, ao ofertar a aliança à sua parceira lembre-se que está ofertando sua alma à ela "para todo sempre e por toda eternidade"...

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