segunda-feira, 16 de maio de 2011

A fênix (71ª lâmina do Symbolon)




O Blogger ainda está apresentando problemas e só agora consegui postar esse texto. Espero que tudo se resolva, pois é muito desagradável trabalhar com uma ferramenta cheia de bugs.

Embaralhei meu Symbolon e a lâmina que saiu foi "a fênix".


De acordo com CHEVALIER e GUEERBRANT (1990, p. 421) a fênix, segundo o que relataram Heródoto ou Plutarco, é um pássaro mítico, de origem etíope, de um esplendor sem igual, dotado de uma extraordinária longevidade, e que tem o poder, depois de se consumir em uma fogueira, de renascer de suas cin­zas. Quando se aproxima a hora de sua morte, ela constrói um ninho de vergônteas perfumadas onde, no seu próprio calor, se queima. Os aspectos do simbolismo apa­recem, então, com clareza: ressurreição e imortalidade, reaparecimento cíclico. É por isso que toda a Idade Média fez da fênix o símbolo da ressurreição de Cristo e, às vezes, da natureza divina — sendo a na­tureza humana representada pelo pelicano. A fênix é, no Egito antigo, um símbolo das revoluções solares; ela está associada à cidade de Heliópolis. É possível, entretanto, que essa cidade do Sol não seja ori­ginalmente a do Egito, mas a Terra solar primordial, a Síria de Homero. A fênix, dizem os árabes, somente pode pousar na montanha de Qaf, que é o pólo, o centro do mundo. Seja como for, a fênix egípcia, ou Bennou, estava associada ao ciclo quo­tidiano do sol e ao ciclo anual das cheias do Nilo, daí sua relação com a regeneração e a vida.

Como se tratava, no Egito, da garça real purpúrea, pode-se evocar o símbolo de re­generação, que é a obra em vermelho alquímica. Os taoístas designam a fênix com o nome de pássaro de zarcão (tanniao), sendo o zarcão o sulfeto vermelho de mer­cúrio. A fênix corresponde, além disso, co­mo emblema, ao sul, ao verão, ao fogo, à cor vermelha. Seu simbolismo se relaciona também com o Sol, a vida e a imortalidade. A fênix é a cavalgadura dos imor­tais. É o emblema de Niukua, que inventou o cheng, instrumento de música em forma de fênix, imitando o canto sobrenatural da fênix.

A fênix macho é símbolo de felicidade; a fênix fêmea é o emblema da rainha, em oposição ao dragão imperial. Fênix macho e fênix fêmea são, juntos, símbolo de união, de casamento feliz. Além disso, as fênix de Siao-che e Long-yu, se manifestam a felicidade conjugal, conduzem os esposos ao paraíso dos Imortais. É uma fênix que revela a Pien-ho a presença do jade dinás­tico dos Tcheu, símbolo da imortalidade, e é o Fong-hoang, manifestação de puro yang, que aparece na ocasião dos reinados felizes.

Al-Jili faz da fênix o símbolo daquilo que só existe em função do próprio nome; ela significa aquilo que escapa as inteligências e aos pensamentos. Assim como a idéia de fênix não pode ser alcançada a não ser através do nome que a designa, Deus não pode ser alcançado a não ser pelo inter­médio de seus nomes e de suas qualidades. Esse pássaro magnífico e fabuloso levan­tava-se com a aurora sobre as águas do Nilo, como um sol; a lenda fez com que ele ardesse e se apagasse como o Sol, nas trevas da noite, e depois renascesse das cinzas. A fênix evoca o fogo criador e des­truidor, no qual o mundo tem a sua ori­gem e ao qual deverá o seu fim; ela é como que um substituto de Xiva e de Orfeu.

Ela é um símbolo da ressurreição, que aguarda o defunto depois do julgamento das almas (psicostasia) se ele houver cum­prido devidamente os ritos e se sua confis­são negativa foi julgada como verídica. O próprio defunto se transforma em fênix. A fênix freqüentemente leva consigo uma estrela, para indicar sua natureza celeste e a natureza da vida no outro mundo. A fênix é o nome grego do pássaro Bennou; ele figura na proa de diversas barcas sagra­das, que vão desembocar no vasto incêndio da luz. . . símbolo da alma universal de Osíris que criará a si mesma de si mesma para sempre, por tanto tempo quanto durar o tempo e a eternidade.

O pensamento ocidental latino tinha que herdar alguma coisa do símbolo referente à fênix, pássaro fabuloso, cujo protótipo egípcio, o pássaro Bennou, gozava de um prestígio extraordinário em função de suas características. Entre os cristãos, será, a partir de Orígenes, considerado um pássaro sagrado e símbolo de uma vontade irresis­tível de sobreviver, bem como da ressurrei­ção e do triunfo da vida sobre a morte.

Todos nós contamos com uma fênix dentro de si. Quando chegamos "ao fundo do poço", quando acreditamos que nada mais é possível, quando parece que não há nada mais a ser feito, de repente emergimos e ganhamos força suficiente para nos refazermos, dando uma volta por cima e recriando a nossa vida. A fênix lembra que o mesmo fogo da paixão que nos consome (e pode até nos destruir), também nos levanta e nos motiva, pois a vida sem paixão fica sem significado, sem sentido. Que é preciso crer que, embora tudo prove ao contrário, que a vida segue mesmo depois das maiores dificuldades. Nada é absoluto, permanente e para sempre - mesmo a fênix um dia morre, tudo tem seu tempo e sua hora. Como símbolo de uma ave, pede para nos libertarmos e voarmos alto, acima das cinzas de nossa desesperança ou desespero. É um recomeçar, como num circuito reencarnatório, uma nova chance e opção é oferecida. É pegar ou largar.

Para saber mais: http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%AAnix.

Bibliografia:

CHEVALIER, Jean e GUEERBRAN, Alain. Dicionário de símbolos. 3ª ed. Rio de Janeiro. José Olympio, 1990.

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