quarta-feira, 25 de maio de 2011

Pítia (75ª lâmina do Symbolon)



Em homenagem ao "Dia do Tarô" (25 de maio), preferi não tirar aleatoriamente uma lâmina para análise simbólica, escolhi a dedo a que estava mais relacionada ao dia tão especial comemorado em todo mundo. Para saber mais, clique em: "World Tarot Day".


O nome 'Pítia' vem de Pytho, o nome original de Delfos na mitologia. Os gregos derivaram este topônimo do verbo pythein (πύθειν, "apodrecer"), utilizado a respeito da decomposição do corpo da monstruosa serpente chamada Píton, depois que ela foi morta por Apolo.

A pítia (em grego: Πυθία, transl. Pythía) ou pitonisa era a sacerdotisa do templo de Apolo, em Delfos, Antiga Grécia, situado nas encostas do monte Parnasso. A pítia era amplamente renomada por suas profecias, inspiradas por Apolo, que lhe davam uma importância pouco comum para uma mulher no mundo dominado pelos homens da Grécia Antiga. O oráculo délfico foi fundado no século VIII a.C., e sua última resposta registrada ocorreu em 393 d.C., quando o imperador romano Teodósio I ordenou que os templos pagãos encerrassem suas operações. Até então o oráculo de Delfos era tido um dos mais prestigiosos e fiáveis oráculos do mundo grego.
O oráculo é uma das instituições religiosas mais bem documentadas do mundo clássico grego. Entre os escritores que o mencionaram estão Heródoto, Tucídides, Eurípides, Sófocles, Platão, Aristóteles, Píndaro, Ésquilo, Xenofonte, Diodoro, Estrabão, Pausânia, Plutarco, Lívio, Justino, Ovídio, Lucano, Juliano, o Apóstata e Clemente de Alexandria.
Um ponto de vista comum a seu respeito afirmava que a pítia apresentava seus oráculos durante um estado de frenesi causado por vapores que subiam de uma fenda no rochedo sobre o qual o templo havia sido construído, e que ela falava coisas sem sentido que eram transformadas pelos sacerdotes do templo em enigmáticas profecias, preservadas na literatura grega. (WIKIPEDIA).

Essa lâmina evoca a questão da profecia. A pítia, em transe, inala os gases vulcânicos e descreve as suas visões. O estado alterado de consciência permite contato com o lado mais profundo da psique ou, se preferirem, uma conexão com os deuses mensageiros. Nasce aí a
adivinhação na sua forma mais pura, mais sagrada. As interpretações das estranhas mensagens murmuradas eram muitas vezes conduzidas pelos sacerdotes que imprimiam significados à estas. O sucesso do Templo de Apolo, com seu sagrado axioma no pórtico de entrada ("conhece-te a ti mesmo"), movimentou peregrinos da Grécia e de outras localizações, transformando Delfos num rico e conceituado polo comercial, atraindo centenas de visitantes periodicamente.

Simbolicamente aponta para o uso da intuição, a prática oracular, as previsões sobre o amanhã. Fazemos a clássica pergunta: "o futuro está escrito ou somos nós quem o escrevemos?". Os sinais estão aí todo tempo, mas a interpretação que fazemos deles faz toda a diferença. A pítia nos lembra que a intuição confere a todos nós a antecipação do futuro. Penso que, parte do futuro está traçada (pré destino) e a outra parte somos nós que determinamos (destino). A transformação do futuro depende de nossas escolhas, nossas ações, nossos pensamentos e sentimentos. Mais do que saber do futuro, é preciso viver bem o agora, afinal de contas, não há futuro sem presente.

De onde viemos? Para onde vamos? Quem somos nós? Essas e outras perguntas já não são apenas discutidas pela filosofia, mas adentram o campo da física quântica. A intuição é o canal que a alma encontra para buscar respostas para profundas indagações do ser. Nem sempre estamos preparados para tal, mas é preciso ouvir-se. Mergulhar dentro de si, autoconhecer-se e meditar sobre seu papel na existência terrena são fundamentais para uma compreensão maior do todo. O futuro? Antecipá-lo só faz sentido se estiver em concordância com o crescimento pessoal. Leviano de nossa parte anteciparmos algo sem usar essa informação para lapidação (melhoria) nossa e do próximo. A curiosidade humana não deve servir propósitos excusos ou preocupações infundadas, muito menos para gerar sofrimentos antes da hora. O futuro revelado só é cabível quando há algo fundamentalmente importante para o crescimento pessoal. Fora disso, é apenas saciar curiosidades vãs e ter a falsa sensação de controle sobre a vida (que sempre nos prega peças).

Para saber mais, acesse: http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%ADtia

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Fernando Pessoa, o simbologista


Na obra "Mensagem", escrita por Fernando Pessoa, consta a nota preliminar:

"Benedictus Dominus Deus noster qui dedit nobis signum*

O entendimento dos símbolos e dos rituais (simbólicos) exige do intérprete que possua cinco qualidades ou condições, sem as quais os símbolos serão para ele mortos, e ele um morto para eles.

A primeira é a simpatia; não direi a primeira em tempo, mas a primeira conforme vou citando, e cito por graus de simplicidade. Tem o intérprete que sentir simpatia pelo símbolo que se propõe interpretar.

A segunda é a intuição. A simpatia pode auxiliá-la, se ela já existe, porém não criá-la. Por intuição se entende aquela espécie de entendimento com que se sente o que está além do símbolo, sem que se veja.

A terceira é a inteligência. A inteligência analisa, decompõe, reconstrói noutro nível o símbolo; tem, porém, que fazê-lo depois que, no fundo, é tudo o mesmo. Não direi erudição, como poderia no exame dos símbolos, é o de relacionar no alto o que está de acordo com a relação que está embaixo. Não poderá fazer isto se a simpatia não tiver lembrado essa relação, se a intuição a não tiver estabelecido. Então a inteligência, de discursiva que naturalmente é, se tornará analógica, e o símbolo poderá ser interpretado.

A quarta é a compreensão, entendendo por esta palavra o conhecimento de outras matérias, que permitam que o símbolo seja iluminado por várias luzes, relacionado com vários outros símbolos, pois que, no fundo, é tudo o mesmo. Não direi erudição, como poderia ter dito, pois a erudição é uma soma; nem direi cultura, pois a cultura é uma síntese; e a compreensão é uma vida. Assim certos símbolos não podem ser bem entendidos se não houver antes, ou no mesmo tempo, o entendimento de símbolos diferentes.

A quinta é a menos definível. Direi talvez, falando a uns, que é a graça, falando a outros, que é a mão do Superior Incógnito, falando a terceiros, que é o Conhecimento e a Conversação do Santo Anjo da Guarda, entendendo cada uma destas coisas, que são a mesma da maneira como as entendem aqueles que delas usam, falando ou escrevendo."

*
Bendito seja o Senhor, nosso Deus, que deu um sinal, para nós

Para ler a obra, clique aqui: "Mensagem".

PESSOA, Fernando. Mensagem.edição. Lisboa: Parceria Antônio Maria Ferreira, 1934.

Responsabilidade pela criação (48ª lâmina do Symbolon)


Encontramos aqui a representação de Giovanni di Pietro di Bernardone (Assis, 5 de julho 1182 — 3 de outubro de 1226), mais conhecido como "São Francisco de Assis". Um dos maiores ícones do cristianismo, Francisco inspirou espiritualmente muitos homens pelo seu despreendimento material, amor ao próximo e preocupação com os animais e meio ambiente. Digamos, foi um dos primeiros (senão o primeiro) ecologista mais conhecido no planeta. O título da carta "responsabilidade pela criação" revela um significado importante perante aquilo que criamos: somos responsáveis pelo mundo que vivemos. E, quando falo "mundo", não estou me referindo exclusivamente ao planeta Terra, mas todos os mundos e universos que orbitamos: familiar, profissional, social, afetivo, etc. Não querendo ser piegas, isso me lembra a frase da raposa do livro "O Pequeno Príncipe" (de Antoine de Saint-Exupéry): "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Devemos nos lembrar de quem depende de nós, o ato de cuidar, de zelar pelo bem estar do próximo, pois também acabamos por depender do outro. Via de regra, todos os que são frágeis merecem maior cuidado e inserem-se aí as crianças, idosos, doentes, dependentes químicos, portadores de deficiências, acidentados, a natureza num todo. Mesmo aqueles a atravessar alguma crise ou dificuldade qualquer, merecem todo cuidado e carinho.

Simbolicamente a imagem evoca a humildade, a simplicidade, a interação com a natureza, a espontaneidade, a alegria de viver com pouco, a conexão com a terra, o amor incondicional, a entrega a uma causa superior. Nos lembra que o amor deve perdurar através do respeito a todos os seres viventes. E que, somos responsáveis por toda a criação, pois dela dependemos.

Para conhecer mais, clique em: Francisco de Assis.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O simbolismo do anel nupcial



O simbolismo do anel é vastíssimo, bastando dizer que várias culturas o incorporaram em seus mitos, revelando a natureza de seu poder e dimensão de seus efeitos sobre aqueles que o possuíam. Cada anel tem características próprias, definidas pelo material de que é feito, inscrições, pedras neles incrustadas, ritos atribuídos e sagrações. Com certeza, evoca o sentido de eternidade e continuidade das forças universais, manifestando a idéia do círculo de poder e pacto entre os homens e deuses. Mas, o que na verdade representa o anel nupcial ?
Muita gente casada, ou que está noiva, pouco sabe sobre o simbolismo do anel nupcial. Para alguns, presentear a outra parte com o anel nupcial (aliança) é um convite ao selamento matrimonial; para outros, apenas um objeto de pura vaidade e capricho. O fato, é que essa pequena e delicado adereço encerra em si um poderoso elemento de ligação entre a anima e o animus. Antes de mais nada, a sua própria forma circular é uma representação da alma e reporta-se ao Self (Si-Mesmo). Isso quer dizer que quando há a troca de alianças (no noivado ou casamento), inconscientemente está havendo um intercâmbio anímico, como que cada um das partes recebesse a essência da alma da outra. E por que o ouro é o metal preferido na confecção das alianças ? Não só por sua beleza, mas o ouro é um metal nobre que tem correspondência direta com o sol, com a luz e com a consciência. É um metal alquímico e transmite também o significado de sua raridade; tal como um herói mítico, o homem que compra as alianças e a oferta à sua parceira, percorreu todo um caminho iniciático até ali, vencendo provações ou desafios na sua relação (junto à sua parceira), e como prêmio raro, oferece a aliança como tesouro conquistado no fim de sua jornada. Na verdade, a jornada está apenas para recomeçar, pois a fase em que a aliança se encontra na mão direita (ativa, equivalente ao hemisfério esquerdo do cérebro - racionalidade, lógica, análise) cumprirá sua "prova de fogo" para provar seu amor e normalmente terá que se desdobrar junto à sua parceira para formularem o embasamento do lar. Quando a aliança é consagrada no festivo dia matrimonial, ela passa para a mão esquerda (passiva, equivalente ao hemisfério do cérebro - emoção, intuição, sentimento), então a nova jornada do casal será a nova estrutura familiar formada e todas responsabilidades advindas do processo. Logo, todo processo é um ato consciente de fusão anímica (ou pelo menos, deveria ser).Há ainda um mito entre os egípcios no qual acreditavam que havia uma veia que partia do dedo anelar direto para o coração, daí a escolha desse dedo para ocupação do objeto.

Outro aspecto importante que reforça o simbolismo solar da aliança, é o fato do dedo anelar ter correspondência na quirologia com o sol. Logo, todo rito que vai do noivado até o casamento é solar, que expressa luz e invoca a verdade. Não deixarei de citar também o simbolismo sexual por detrás do dedo e da aliança: o dedo como símbolo fálico (lingan) e o anel como símbolo vaginal (yoni) sela também o ato sexual que culmina com a Lua de Mel.

A inscrição do nome de cada parceiro é feita tradicionalmente do lado interno da aliança. Isso simboliza duas coisas: a primeira é que o nome, como mantra sagrado, se mantém protegido na parte de dentro do círculo. Ou seja, o poder daquele nome "fica restrito ao portador da aliança" (isso é uma metáfora); a segunda, que só aquele que porta da aliança sabe exatamente o que está escrito em sua face interior (além do nome de seu (sua) parceiro (a), algumas pessoas também inscrevem datas, palavras de amor, símbolos como o coração, etc) e mantém o conteúdo protegido do olhar de estranhos. Comprova-se aí a importância do círculo como área delimitada, sinalizando um campo de energia e força.

A aliança impõe ao seu usuário a condição de amo e escravo ao mesmo tempo: a troca de alianças passa também a ser o elo de poder entre as partes na relação, mas também o "agrilhoamento simbólico do casal". Na verdade, essa não é uma condição que expressa submissão: a escolha do parceiro ou da parceira tem relação direta com o animus e a anima, logo, você escolhe seu "reflexo interior" e se funde simbolicamente através do anel.

Um importante símbolo é inserido dentro do casamento católico: a criança, normalmente uma menina (dama de honra) leva as alianças ao padre. A criança representa a pureza de intenção e é ela quem conduz as alianças até o ato de sagração final. Em alguns antigos ritos pagãos, a exemplo o celta, utilizava-se a coroa de flores para ser colocada na cabeça da jovem que se casava, e normalmente era uma criança que a carregava no ato cerimonial e entregava ao sacerdote; apesar de símbolos com diferenças de interpretação, a coroa nupcial e o anel mantêm estreita relação, pois ambas são figuras circulares.

No ato das Bodas de Prata (25 anos), é acrescida pelo casal uma fina camada folheada de prata, normalmente representando uma "coroa de louro de prata" como prêmio conquistado após 25 anos de casados, reafirmando os votos matrimoniais. A prata é um metal que corresponde à Lua, logo é acrescida uma coroa lunar ao símbolo então solar. É como a relação entrasse numa fase mais interiorizada, mais yin, mais sublime. O louro sempre foi considerado uma planta ligada aos nobres, logo a folhagem de louro em prata marca um ciclo de magnificência conquistado pelo casal. Também evoca de certo modo, a maturidade atingida na relação. A Lua também tem relação com a família, é nessa altura do campeonato, é bem possível que ela tenha crescido o suficiente para sinalizar o potencial lunar.

As Bodas de Ouro (50 anos), reafirma o compromisso solar feito no dia do casamento (consciência, luz, verdade). O casal recebe um novo par de alianças normalmente levado pelo(s) filho(s) - frutos da união solar e lunar. Isso evoca simbolicamente que o ciclo solar foi completado pelo casal e há um renascimento da relação, só que no nível espiritual. O fato dos filhos levarem as alianças, também implica inconscientemente que os descendentes devam selar o compromisso solar com suas respectivas parceiras.

Quero frisar que a sagração das alianças independe de igreja ou templo que o casal possa estar integrado. O rito de troca de alianças é sempre um momento ímpar, e deveria ser feito primeiramente pelo casal a sós. Atribuo a isso, o que Jung chamava de momentum, ou seja, é um ato único no tempo e espaço criado exclusivamente pelas partes envolvidas na relação.

A aliança tem mais poder e sentido para a mulher do que para o homem, já que o círculo é uma figura geométrica feminina (pois encerra em seu interior um sentido, analogamente ao útero). Logo meninos, ao ofertar a aliança à sua parceira lembre-se que está ofertando sua alma à ela "para todo sempre e por toda eternidade"...

terça-feira, 17 de maio de 2011

Site sobre simbologia (Simbologia)

Site interessante que agrega narrativas míticas e abordagens históricas relativas ao mundo simbólico: http://symbolom.com.br/wp/ .

O poder dos símbolos

Segue um interessante vídeo realizado pela TV Azteca (em espanhol), mas creio que não será difícil entender a língua.

Simbologia dos números na obra "Mensagem" de Fernando Pessoa

Esse vídeo apresenta curiosas construções simbólicas realizadas intencionalmente pelo poeta português Fernando Pessoa (que era um entusiasmado pesquisador da área), através de sua única obra publicada (Mensagem) na qual ele brinca com os números.


segunda-feira, 16 de maio de 2011

A fênix (71ª lâmina do Symbolon)




O Blogger ainda está apresentando problemas e só agora consegui postar esse texto. Espero que tudo se resolva, pois é muito desagradável trabalhar com uma ferramenta cheia de bugs.

Embaralhei meu Symbolon e a lâmina que saiu foi "a fênix".


De acordo com CHEVALIER e GUEERBRANT (1990, p. 421) a fênix, segundo o que relataram Heródoto ou Plutarco, é um pássaro mítico, de origem etíope, de um esplendor sem igual, dotado de uma extraordinária longevidade, e que tem o poder, depois de se consumir em uma fogueira, de renascer de suas cin­zas. Quando se aproxima a hora de sua morte, ela constrói um ninho de vergônteas perfumadas onde, no seu próprio calor, se queima. Os aspectos do simbolismo apa­recem, então, com clareza: ressurreição e imortalidade, reaparecimento cíclico. É por isso que toda a Idade Média fez da fênix o símbolo da ressurreição de Cristo e, às vezes, da natureza divina — sendo a na­tureza humana representada pelo pelicano. A fênix é, no Egito antigo, um símbolo das revoluções solares; ela está associada à cidade de Heliópolis. É possível, entretanto, que essa cidade do Sol não seja ori­ginalmente a do Egito, mas a Terra solar primordial, a Síria de Homero. A fênix, dizem os árabes, somente pode pousar na montanha de Qaf, que é o pólo, o centro do mundo. Seja como for, a fênix egípcia, ou Bennou, estava associada ao ciclo quo­tidiano do sol e ao ciclo anual das cheias do Nilo, daí sua relação com a regeneração e a vida.

Como se tratava, no Egito, da garça real purpúrea, pode-se evocar o símbolo de re­generação, que é a obra em vermelho alquímica. Os taoístas designam a fênix com o nome de pássaro de zarcão (tanniao), sendo o zarcão o sulfeto vermelho de mer­cúrio. A fênix corresponde, além disso, co­mo emblema, ao sul, ao verão, ao fogo, à cor vermelha. Seu simbolismo se relaciona também com o Sol, a vida e a imortalidade. A fênix é a cavalgadura dos imor­tais. É o emblema de Niukua, que inventou o cheng, instrumento de música em forma de fênix, imitando o canto sobrenatural da fênix.

A fênix macho é símbolo de felicidade; a fênix fêmea é o emblema da rainha, em oposição ao dragão imperial. Fênix macho e fênix fêmea são, juntos, símbolo de união, de casamento feliz. Além disso, as fênix de Siao-che e Long-yu, se manifestam a felicidade conjugal, conduzem os esposos ao paraíso dos Imortais. É uma fênix que revela a Pien-ho a presença do jade dinás­tico dos Tcheu, símbolo da imortalidade, e é o Fong-hoang, manifestação de puro yang, que aparece na ocasião dos reinados felizes.

Al-Jili faz da fênix o símbolo daquilo que só existe em função do próprio nome; ela significa aquilo que escapa as inteligências e aos pensamentos. Assim como a idéia de fênix não pode ser alcançada a não ser através do nome que a designa, Deus não pode ser alcançado a não ser pelo inter­médio de seus nomes e de suas qualidades. Esse pássaro magnífico e fabuloso levan­tava-se com a aurora sobre as águas do Nilo, como um sol; a lenda fez com que ele ardesse e se apagasse como o Sol, nas trevas da noite, e depois renascesse das cinzas. A fênix evoca o fogo criador e des­truidor, no qual o mundo tem a sua ori­gem e ao qual deverá o seu fim; ela é como que um substituto de Xiva e de Orfeu.

Ela é um símbolo da ressurreição, que aguarda o defunto depois do julgamento das almas (psicostasia) se ele houver cum­prido devidamente os ritos e se sua confis­são negativa foi julgada como verídica. O próprio defunto se transforma em fênix. A fênix freqüentemente leva consigo uma estrela, para indicar sua natureza celeste e a natureza da vida no outro mundo. A fênix é o nome grego do pássaro Bennou; ele figura na proa de diversas barcas sagra­das, que vão desembocar no vasto incêndio da luz. . . símbolo da alma universal de Osíris que criará a si mesma de si mesma para sempre, por tanto tempo quanto durar o tempo e a eternidade.

O pensamento ocidental latino tinha que herdar alguma coisa do símbolo referente à fênix, pássaro fabuloso, cujo protótipo egípcio, o pássaro Bennou, gozava de um prestígio extraordinário em função de suas características. Entre os cristãos, será, a partir de Orígenes, considerado um pássaro sagrado e símbolo de uma vontade irresis­tível de sobreviver, bem como da ressurrei­ção e do triunfo da vida sobre a morte.

Todos nós contamos com uma fênix dentro de si. Quando chegamos "ao fundo do poço", quando acreditamos que nada mais é possível, quando parece que não há nada mais a ser feito, de repente emergimos e ganhamos força suficiente para nos refazermos, dando uma volta por cima e recriando a nossa vida. A fênix lembra que o mesmo fogo da paixão que nos consome (e pode até nos destruir), também nos levanta e nos motiva, pois a vida sem paixão fica sem significado, sem sentido. Que é preciso crer que, embora tudo prove ao contrário, que a vida segue mesmo depois das maiores dificuldades. Nada é absoluto, permanente e para sempre - mesmo a fênix um dia morre, tudo tem seu tempo e sua hora. Como símbolo de uma ave, pede para nos libertarmos e voarmos alto, acima das cinzas de nossa desesperança ou desespero. É um recomeçar, como num circuito reencarnatório, uma nova chance e opção é oferecida. É pegar ou largar.

Para saber mais: http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%AAnix.

Bibliografia:

CHEVALIER, Jean e GUEERBRAN, Alain. Dicionário de símbolos. 3ª ed. Rio de Janeiro. José Olympio, 1990.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

O simbolismo do dólar


Se analisarmos pormenorizadamente o dólar (como moeda corrente universal) podemos perceber que ele traz consigo uma forte carga de prosperidade e poder, sendo adotado em muitos países como moeda de negociação interna e externa. Mas a que se atribuir tanto sucesso?

A cor verde, adotada tradicionalmente em todas as notas, representa regeneração e é uma das representações do elemento terra (vegetação). O verde associa-se em alguns casos à prosperidade, a exemplo de algumas tradições, como na Irlanda na festa de São Patrício (Saint Patrick, no dia 17 de março, significando "Dia da Sorte") que utiliza a imagem de Leprechauns vestidos de verde (uma espécie de gnomos) e trevos de quatro folhas (também verdes). O verde é adotado como símbolo da liberdade e esperança, algo que sempre se configurou como lema americano.

Na nota de um dólar, temos, na frente, a efígie do presidente americano George Washington, um dos políticos que mais lutou pela liberdade de ideais americanos. George Washington, antes de deixar o exército, escreveu: "não tendo que reivindicar qualquer recompensa. Ficarei satisfeito se tiver a felicidade de obter a aprovação dos meus concidadãos. Compete-lhes, ainda, para completar os meus desejos, adotar um sistema de governo que assegure a futura reputação, tranqüilidade, felicidade e glória deste vasto Império".

No verso, destaca-se o famoso Grande Selo Americano: esta imagem é composta pela pirâmide, cuja pedra da cumeeira traz o triângulo destacado por um halo luminoso, com um olho no centro. Esse símbolo representa "o Olho que tudo vê" ou "o Olho de Deus" (intuição, para alguns), símbolo muito tradicional entre os maçons (muitos representantes políticos da época, eram, na sua maioria, maçons, e adotavam em suas alegorias símbolos sagrados, não deixando de fora as insígnias do próprio país). O famoso selo dos Estados Unidos, foi adotado por ato do Congresso Continental em 20 de junho de 1782 e readotado pelo novo Congresso em 15 de setembro de 1789. O simbolismo por trás da figura parece evocar um poder ancestral, pois a imagem da pirâmide sempre foi considerada harmônica, representando a estabilidade na matéria através da captação das forças cósmicas. Para D. Davidson e H. Aldersmith, pesquisadores americanos de egiptologia e piramidologia, a imagem do selo retrata a pirâmide de Quéops como "símbolo do Reino da Pedra, com a Pedra Apical - simbólica de Cristo, 'a pedra angular' - suspensa do Olho da Providência, bem sobre o eixo do centro da estrutura, que assim é representada incompleta sem ela".


A pirâmide é composta por treze camadas, evocando a evolução e a escalada do homem para chegar às alturas. Na base temos MDCCLXXVI (1776), que, se somarmos, obteremos o número 3 (criação) e logo abaixo segue a inscrição: NOVUS ORDO SECLORUM ("a nova ordem dos séculos"). Vamos observar a insistente aparição do número 13, muito forte no simbolismo do dólar.

Em The Secret Teachings of All Ages, Manly P. Hall também se refere ao Grande Selo dos Estados Unidos e observa que o estabelecimento do governo foi controlado por místicos. Hall mostra que não só a pirâmide está implicada no selo, mas também o simbólico e misterioso número 13 foi incorporado várias vezes em ambas as faces. O constante aparecimento do número místico não parece se relacionar apenas com as primeiras colônias que formaram os Estados Unidos, segundo Hall, que mostra sua presença no reverso várias vezes: treze estrelas sobre a cabeça da águia, formando a estrela de David, circundada por uma nuvem; treze estrelas no lema E PLURIBUS UNUM ("a unidade na diversidade"), que a águia carrega no bico; treze estrelas e treze bagas no ramo de oliveira seguro pela garra direita da águia; treze flechas na garra esquerda; treze faixas no emblema em seu peito. O reverso, onde aparece a Grande Pirâmide, tem um lema ANNUIT COEPTIS ("Ele olhou com benevolência"), que contém treze letras, além dos citados treze degraus da pirâmide. O treze é considerado por alguns como número de azar ou mau augúrio, e, para outros, portador de boa sorte. Numerologicamente, a soma resume-se no algarismo 4, que significa a base, o alicerce, o trabalho, a terra, a forma, a estabilidade. É um número considerado cármico, e está associado ao arcano do tarô "a morte" ou "arcano sem nome" que evoca a idéia do rito de passagem para uma nova fase. O 13 é o 1 (homem) diante do 3 (criação), onde busca-se materializar as idéias ou motivações. Na verdade, tratando-se de um número cuja essência é material, adapta-se bem às questões financeiras e políticas. Quem sabe não seja mesmo um catalisador para a prosperidade?

A águia, símbolo máximo americano, está associada ao signo de escorpião, uma alusão ao poder. Vale a pena dar uma olhada na águia que se encontra no brasão das lâminas do tarô, a Imperatriz e o Imperador. Representa a magnitude espiritual, por voar alto e fazer seu ninho nos picos mais altos, além de ser uma ave de rapina que não come animais já abatidos (prefere alimento fresco). Ainda, por característica, tem a capacidade de enfrentar as tempestades e voar logo a seguir, acima das nuvens carregadas. As flechas que ela carrega representam o poder de penetração, a milícia, o elemento que atinge o alvo. Preste atenção que ela carrega na garra esquerda (o lado do escudo). Isso pode estar representando a idéia de que: "a melhor defesa é o ataque".

Já o ramo de oliveira na garra direita (lado da espada), é muito significativo. A oliveira é uma das árvores sagradas. Cristo, quando se viu cansado e abatido, foi se refugiar no Jardim das Oliveiras. O floral Olive (Oliveira) é indicado para aqueles que se sentem cansados física e mentalmente. Parece ser uma árvore com poder reabilitador (os americanos não se dão por vencido facilmente). As estrelas acima da cabeça, fazendo o desenho da estrela de Davi, evocam a Luz Suprema. A estrela sempre foi um símbolo de orientação, além de representar a busca da verdade. No tarô, particularmente no baralho de Waite, o Eremita empunha uma lanterna com uma estrela dentro (a estrela é a de David), significando a Luz da Verdade. O fato dessas 13 estrelas desenharem a estrela de David é muito interessante, pois muito do poderio americano se deve aos próprios judeus (vide Hollywood, Dallas, New York, etc). É um entrelaçamento de dois triângulos, representando forças antagônicas que se harmonizam (o triângulo da matéria com o triângulo do espírito). Já dizia o ocultista Aleister Crowley: "todo homem e toda mulher é uma estrela". O fato dessas estrelas surgirem através de uma nuvem, sugere a dissipação das trevas, a dissipação das ilusões. O círculo em volta da imagem do selo representa a totalidade, a perfeição. Nada mais significativo que somar a imagem da pirâmide (ou triângulo) com o círculo.


Acima da palavra no centro ONE (um, o homem) contém a inscrição "IN GOD WE TRUST" (nós confiamos em Deus), uma frase forte, carregada de fé, algo que está bem introjectado no inconsciente americano.
Parece absoluta a força simbólica contida no dólar, pois os significados por trás da nota americana potencializam o inconsciente coletivo de toda humanidade.

Dicionário de símbolos (on line)

A ideia é simples e prática: reunir, de forma sucinta, alguns símbolos em suas interpretações. Vale a pena dar uma espiadela: http://www.dicionariodesimbolos.com.br .

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Alpha: a origem; symbolon: o símbolo.



Caro(a) buscador(a),

Seja bem vindo(a)!

Depois de muito relutar, pensar e repensar em criar um blog, vim amadurecendo nos últimos dois anos um projeto que pudesse englobar temas de interesse comum, não apenas aqueles que se propõem a atender um público específico, mas que se dispusessem atrair o interesse de uma maioria. Vivemos e meio a um mundo de fortes apelos visuais, com a mídia, a moda, as artes e a internet bombardeando-nos de forma incessante (todos os dias) treinando a nossa retina e nossa capacidade de percepção. No entanto, independente dos apelos subliminares, deixamos de lado a essência de alguns conteúdos que acabam nos escapando em função do excesso de informações que recebemos. O que move o mundo imagético (das imagens) são os símbolos e muitos de nós não mais prestamos a atenção em suas significâncias ou significados. O termo símbolo é proveniente do grego "symbolón" e, dentre os vários significados, está o de unir ou de integrar. O homem construiu civilizações, formulou religiões, expandiu suas culturas e buscou a compreensão de si mesmo através dos símbolos que, miticamente, artisticamente ou oniricamente, transformaram o mundo e deram sentido à nossa existência. Nesse primeiro momento não me estenderei em explicações longas sobre o que são os símbolos e a que se destinam, o espaço aqui aberto propõe-se a fazer uma ponte entre a realidade presente (seja individual ou coletiva) e o universo de imagens que revelam, na maioria das vezes, a razão do homem e do mundo ser o que são.

O blog se dividirá em três tipos de assuntos: o estudo e a reflexão sobre alguns símbolos importantes de todas as culturas (antigas e contemporâneas); análise da simbologia das cartas de tarô, Lenormand, symbolon, oráculo Belline (dentre outros) e, explanações sobre os símbolos do mundo moderno e suas manifestações/influências na cultura ocidental e oriental. Muitas das observações serão marcadas por citações de importantes pesquisadores da área (Carl Jung, Joseph Campbell, Junito Brandão, Lévi Strauss, Jean Chevalier, Alain Gheerbrant, René Alleau, Federico Revilla, etc.) mescladas à opiniões pessoais com vídeos ou figuras.

Convido-o(a) a ler uma matéria publicada na revista "Leituras da História" de nome "A Viagem do Símbolo" a qual considerei bastante elucidativa e rica em conteúdo para uma compreensão mais acurada sobre o universo simbólico e suas propriedades.